domingo, 20 de setembro de 2015

Novidades do Árctico

Da janela do Fairmont Chateau Hotel vejo o Parlamento ao nascer do sol. Há 11 dias que não vejo noite, a folha de maple na bandeira lá no alto da torre sobressai e apercebo-me, estou no Canadá. Foi tudo tão rápido, tão de repente tão intenso que só agora a observar esta vista percebo, sim, estou no Canadá, sim, estive na Gronelândia. É difícil e longo explicar tudo o que se passou nos últimos dias, foi tanta coisa e tão impactante! Mas vá vou tentar em poucas palavras. Recebi um mail da Lindblad a perguntar quem está disponível para uma Expedição ao Árctico. Eu disse: "Eu estou", pensando que nunca me iam chamar, mas olha 6 dias depois lá estava eu no avião rumo ao Canadá. O mais difícil de tudo foi arranjar roupa para ao Árctico em Agosto em plenos saldos de verão, num país onde a neve nem é bem à séria, corri todos os centros comerciais e mais alguns em Lisboa e arredores, lá consegui compor uma mala mais ou menos e lá fui eu. borradinha de medo... Este salto é bem maior que a minha perna.

Mas afinal o que é tudo isto? A Lindblad faz cruzeiros de expedição ou seja é como se fossemos num barco do Jacqes Cousteau acompanhados do Tio Attenborough. A bordo vão 148 passageiros, 80 crew e uns 20 staff. O staff inclui fotógrafos National Geographic, mergulhadores e naturalistas (biólogos, historiadores, oceanógrafos, arqueólogos, antropólogos etc...). A ideia é explorar um destino tal como se vê nos documentários, ultrapassando todos os limites para produzir uma viagem de sonho.

Ursos polares no Árctico - Foto de Madalena

Desta vez o sonho era o High Arctic e atingir pelo menos os 75º Norte. Mas como em qualquer expedição, imprevistos acontecem e o imprevisto desta vez foi que o mar gelou. Gelou de tal maneira que o ponto de origem e o fim da viagem (Iqaluit), assim como metade do percurso tiveram de ser alterados. O Barco apesar de ser apropriado para navegar no gelo, quebrar plataformas e explorar estas águas não podia ir ao porto de Iqaluit. Então a Lindblad o que é que fez? Podia ter cancelado a viagem pedir desculpas aos hóspedes e dizer que por questões climatéricas a viagem não podia acontecer. Poder, podia mas não era a mesma coisa. Então... Reservou um avião e levou toda a gente para outro aeroporto, charter para todos os hóspedes, e o itinerário mudou mas a viagem continuou. Isto implica uma logística dos diabos, como por exemplo 40 000 dólares extra em combustível, aviões extra, voar a migração a outro destino para tratar dos documentos todos, etc., etc. Mas a expedição não seria cancelada...

Assim sendo voámos de Ottawa para Kangerlussuaq, na Gronelândia, e daí começou a expedição. Viajamos entre os Fiordes, Glaciares e Icebergues da Gronelândia e do Canadá, no Árctico Norte. Visitámos vilas de Inuits (por nós conhecidos como esquimó mas cujo nome correcto deste povo aborígene é Inuit que significa "as pessoas" em Inuktitut), ruínas de vikings e ruínas de acampamentos de verão de Inuits decoradas com ossos de baleias e com muitos vestígios arqueológicos da sua presença no deserto do Ártico. Não foi das viagem com mais vida selvagem (fiquei a aguar umas belas baleias e orcas) mas deu para ver muita coisa... Em cada avistamento era impossível esconder a excitação, a emoção o êxtase, afinal não é todos os dias que se vê uma morsa a apanhar banhos de sol ou uns ursos polares a dormirem a sesta...

Como sempre a expedição foi o máximo, correu tudo bem e felizmente não tive que disparar nenhum tiro! Por questões de segurança o staff (que tenha carta para tal) leva uma carabina e uma pistola, para ocaso de se dar um encontro inesperado com um urso polar. juro que quando tirei a carta de caçador jamais imaginava que essa fosse a razão que me levasse ao Pólo Norte... Ele há coisas nesta vida do arco da velha! Histórias e momentos da viagem há muitos para contar mas desta vez não me vou alongar mais, deixo aqui apenas um pequeno best off destes dias que até hoje acho que não acredito que existiram... OOO ÁRRCCTTIICCCCOOOO ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ LLINNNNDDDOOOOOOO!!!!