domingo, 4 de janeiro de 2015

Dois Poemas - poesia de viagens



I


Dia de chuva em Lisboa,
Dia de Carnaval no Mundo
E eu com vontade de viajar à toa
Aprender, conhecer-me a fundo.

Quando saí de casa, em mim não acreditaram.
Viram-me a sair e depressa exasperaram.
Antes de fechar a porta, desejaram-me boa sorte
E esperaram também que passasse depressa esse corte.

De comboio rumei a Foros de Amora
O meu destino por agora.
Quando lá chegado ergui o polegar
E logo na estação de serviço comecei a indagar.

Até que um casal,
Que voltava para Espanha
Me deu boleia,
Sem de mim suspeitar de qualquer manha.

Próxima paragem: Andaluzia
Com uma paragem rápida em Sevilha.
E não sei se por azar ou por sorte
Nesta cidade tornei-me mais forte.

Quando um grupo de agentes me apanhou desprevenido
Encostou-me à parede e deixou-me em sentido.
Revistaram-me de alto a baixo e pediram-me a identificação
Fiz-me difícil e logo lhes disse que não.

No final de contas, eu estava legal
Pois sou um viajante do vizinho Portugal.
Ainda me perguntaram para onde é que eu ia
E no final um deles para a viagem me advertia.

Chegado ao destino, constato o que se diz:
Que em toda a Espanha, o melhor Carnaval é o de Cadiz.
Com os hotéis cheios e sem contactos ali,
Só me restava erguer o polegar assim.

Aguardo, pergunto e não desisto,
Até que me pasmei com o que tinha visto.
Uma jovem donzela com um olhar de anjo
Maquilhada, espanhola, conquistou-me com o seu encanto.

Diz que me deixa no seu conforto
mas apenas se fizermos um acordo.
Vou ter que contar ao seu namorado
que venho da parte de um outro seu contacto.

Aceitei, até porque estava de passagem
e sem sítio onde dormir.
E no final da estadia, ela levou-me à paragem
para o meu caminho prosseguir.

E se alguém um dia me perguntar,
o que fui fazer a Tarifa
Posso dizer que lá fui,
e lá me saiu uma rifa

Hospedado pelo Couchsurfing
num Hostel em construção
Enquanto trabalhava
Conheci o fundador de um site de jogos de viciação

E lá tive conversas de inspiração
De que somos capazes mas que achamos que não.
E que é esse mesmo sonho que nos faz alcançar
E do meio do nada, fazer o mundo girar.






















II


Era a alma e a dor

de ver o mundo no seu devir
no limbo indiscriminado do improviso, inconsciência e sentir.
Era a adrenalina da mente social.

Para onde rumamos,

quem nos guia,
que valores preservamos
e nos seguram dia-a-dia.

Não se trata de nada de facto.

E na raiz da questão.
não pretendo nada
analisando bem a intenção.

Deixar escrito,

aliviar o sentimento,
procurar identificantes.
Ser amado.

Ainda mais?

Dizem-me que é a maior necessidade do ser humano.
Muito agradeço aos meus pais.
A eles, todos os meus dias e não a quem nos governa neste país.

Terra do sol poente,

na testa da Europa, outrora.
Agora marchados por cima, agredidos pelo norte,
vilipendiados e sacudidos pelas instituições internacionais.

Que sentido?

Que humilhação?
Bandidos, burros, banalidades
Nós sempre sujeitos às causalidades.

Económicas, sociais

Às dinâmicas do planeta
O que será deste recanto
dentro de vinte, trinta anos?

Num mundo

agora inexplicável
prevendo-se com mais água
e menos comida per capita.