I
Dia de chuva em Lisboa,
Dia
de Carnaval no Mundo
E
eu com vontade de viajar à toa
Aprender,
conhecer-me a fundo.
Quando
saí de casa, em mim não acreditaram.
Viram-me
a sair e depressa exasperaram.
Antes
de fechar a porta, desejaram-me boa sorte
E
esperaram também que passasse depressa esse corte.
De comboio rumei
a Foros de Amora
O
meu destino por agora.
Quando lá chegado ergui o polegar
E logo na estação de serviço comecei a indagar.
Até
que um casal,
Que
voltava para Espanha
Me
deu boleia,
Sem de mim suspeitar de qualquer manha.
Próxima
paragem: Andaluzia
Com
uma paragem rápida em Sevilha.
E
não sei se por azar ou por sorte
Nesta cidade tornei-me mais forte.
Quando
um grupo de agentes me apanhou desprevenido
Encostou-me
à parede e deixou-me em sentido.
Revistaram-me
de alto a baixo e pediram-me a identificação
Fiz-me
difícil e logo lhes disse que não.
No
final de contas, eu estava legal
Pois sou um viajante do vizinho Portugal.
Ainda
me perguntaram para onde é que eu ia
E
no final um deles para a viagem me advertia.
Chegado
ao destino, constato o que se diz:
Que
em toda a Espanha, o melhor Carnaval é o de Cadiz.
Com
os hotéis cheios e sem contactos ali,
Só
me restava erguer o polegar assim.
Aguardo,
pergunto e não desisto,
Até
que me pasmei com o que tinha visto.
Uma
jovem donzela com um olhar de anjo
Maquilhada,
espanhola, conquistou-me com o seu encanto.
Diz que me deixa no seu conforto
mas
apenas se fizermos um acordo.
Vou
ter que contar ao seu namorado
que
venho da parte de um outro seu contacto.
Aceitei,
até porque estava de passagem
e
sem sítio onde dormir.
E no final da estadia, ela levou-me à paragem
para
o meu caminho prosseguir.
E
se alguém um dia me perguntar,
o
que fui fazer a Tarifa
Posso
dizer que lá fui,
e
lá me saiu uma rifa
Hospedado
pelo Couchsurfing
num
Hostel em construção
Enquanto
trabalhava
Conheci
o fundador de um site de jogos de viciação
E
lá tive conversas de inspiração
De
que somos capazes mas que achamos que não.
E
que é esse mesmo sonho que nos faz alcançar
E
do meio do nada, fazer o mundo girar.
II
Era a alma e a dor
de ver o mundo no seu devir
no limbo indiscriminado do improviso, inconsciência e sentir.
Era a adrenalina da mente social.
Para onde rumamos,
quem nos guia,
que valores preservamos
e nos seguram dia-a-dia.
Não se trata de nada de facto.
E na raiz da questão.
não pretendo nada
analisando bem a intenção.
Deixar escrito,
aliviar o sentimento,
procurar identificantes.
Ser amado.
Ainda mais?
Dizem-me que é a maior necessidade do ser humano.
Muito agradeço aos meus pais.
A eles, todos os meus dias e não a quem nos governa neste país.
Terra do sol poente,
na testa da Europa, outrora.
Agora marchados por cima, agredidos pelo norte,
vilipendiados e sacudidos pelas instituições internacionais.
Que sentido?
Que humilhação?
Bandidos, burros, banalidades
Nós sempre sujeitos às causalidades.
Económicas, sociais
Às dinâmicas do planeta
O que será deste recanto
dentro de vinte, trinta anos?
Num mundo
agora inexplicável
prevendo-se com mais água
e menos comida per capita.