O espaço de entrada é aberto, sem tecto, pintado em tons laranja e os assentos de madeira também são cobertos por estofos da mesma cor, onde nos podemos sentar e ver as estrelas, uma palmeira recortada no céu estrelado e um X lá ao fundo depois do balcão. A música é de fusão com os ritmos africanos a dar o mote. Isto cá fora na entrada. Depois passando por um alpendre temos acesso à grande pista de dança, onde a decoração não deixe esquecer que estamos em África. Mas o que dá personalidade à X é mesmo este espaço ao ar livre formando um pátio. Isto e as pessoas que a frequentam. Afinal também são as pessoas que fazem a casa.
Na X conseguimos encontrar a maior colecção de estrangeiros da Guiné-Bissau e talvez de toda a África Ocidental, portugueses e não só, funcionários de embaixadas, empresários de sucesso que agora chegam porque a Guiné-Bissau está na moda, policias que fazem segurança às embaixadas, médicos, pessoal da saúde, comitivas de políticos em digressão, diplomatas, economistas, agentes de desenvolvimento, auditores, cooperantes de todas os matizes, funcionários de ONG's, expatriados e africanistas. Um mundo que nunca se esgota cheio de permanente novidade, a merecer decerto um estudo etnográfico aprofundado.
Os mais variados organismos internacionais presentes em Bissau, e são muitos, renovam as equipes a todo o momento refrescando-as com gente que chega para render os que partem. Ainda mais agora que a ameaça do Ébola leva as instituições internacionais a reforçarem as suas equipes em permanência na Guiné-Bissau. E claro, as caras repetem-se ou renovam-se a um ritmo impreciso e imprevisível. Só mesmo vendo a cada semana. Há festas de recepção aos que chegam e festas de despedida para os que partem organizadas pelos respectivos colegas. Na X há sempre novidade.
O espaço aberto da entrada facilita a conversa e o convívio. Na X ouvem-se histórias fabulosas. A comunidade portuguesa está lá excelentemente representada e se dominar a língua de Camões, tem mais de meio caminho andado para fazer amigos na X.
A X é uma discoteca de brancos embora também lá se possam encontrar muitos negros. Uma discoteca fina onde a clientela principal são os estrangeiros, sobretudo portugueses e lusófonos. Faz lembrar o café do Rick no filme «Casablanca». Estão todos lá.
AP.