Da
janela do Fairmont Chateau Hotel vejo o Parlamento ao nascer do sol.
Há 11 dias que não vejo noite, a folha de maple na bandeira
lá no alto da torre sobressai e apercebo-me, estou no Canadá. Foi
tudo tão rápido, tão de repente tão intenso que só agora a
observar esta vista percebo, sim, estou no Canadá, sim, estive na
Gronelândia. É difícil e longo explicar tudo o que se passou nos
últimos dias, foi tanta coisa e tão impactante! Mas vá vou tentar
em poucas palavras. Recebi um mail da
Lindblad a perguntar quem está disponível para uma Expedição ao
Árctico. Eu disse: "Eu estou", pensando que nunca me iam
chamar, mas olha 6 dias depois lá estava eu no avião rumo ao
Canadá. O mais difícil de tudo foi arranjar roupa para ao Árctico
em Agosto em plenos saldos de verão, num país onde a neve nem é
bem à séria, corri todos os centros comerciais e mais alguns em
Lisboa e arredores, lá consegui compor uma mala mais ou menos e lá
fui eu. borradinha de medo... Este salto é bem maior que a minha
perna.
Mas
afinal o que é tudo isto? A Lindblad faz cruzeiros de expedição ou
seja é como se fossemos num barco do Jacqes Cousteau acompanhados do
Tio Attenborough. A bordo vão 148 passageiros, 80 crew e uns
20 staff. O staff inclui fotógrafos National Geographic,
mergulhadores e naturalistas (biólogos, historiadores, oceanógrafos,
arqueólogos, antropólogos etc...). A ideia é explorar um destino
tal como se vê nos documentários, ultrapassando todos os limites
para produzir uma viagem de sonho.
Ursos polares no Árctico - Foto de Madalena |
Desta vez o sonho era o High Arctic e atingir pelo menos os 75º Norte. Mas como em qualquer expedição, imprevistos acontecem e o imprevisto desta vez foi que o mar gelou. Gelou de tal maneira que o ponto de origem e o fim da viagem (Iqaluit), assim como metade do percurso tiveram de ser alterados. O Barco apesar de ser apropriado para navegar no gelo, quebrar plataformas e explorar estas águas não podia ir ao porto de Iqaluit. Então a Lindblad o que é que fez? Podia ter cancelado a viagem pedir desculpas aos hóspedes e dizer que por questões climatéricas a viagem não podia acontecer. Poder, podia mas não era a mesma coisa. Então... Reservou um avião e levou toda a gente para outro aeroporto, charter para todos os hóspedes, e o itinerário mudou mas a viagem continuou. Isto implica uma logística dos diabos, como por exemplo 40 000 dólares extra em combustível, aviões extra, voar a migração a outro destino para tratar dos documentos todos, etc., etc. Mas a expedição não seria cancelada...
Assim
sendo voámos de Ottawa para Kangerlussuaq, na Gronelândia, e daí
começou a expedição. Viajamos entre os Fiordes, Glaciares e
Icebergues da Gronelândia e do Canadá, no Árctico Norte. Visitámos
vilas de Inuits (por nós conhecidos como esquimó mas cujo nome
correcto deste povo aborígene é Inuit que significa "as
pessoas" em Inuktitut), ruínas de vikings e ruínas de
acampamentos de verão de Inuits decoradas com ossos de baleias e com
muitos vestígios arqueológicos da sua presença no deserto do Ártico. Não foi das viagem com mais vida selvagem (fiquei a aguar
umas belas baleias e orcas) mas deu para ver muita coisa... Em cada
avistamento era impossível esconder a excitação, a emoção o
êxtase, afinal não é todos os dias que se vê uma morsa a apanhar
banhos de sol ou uns ursos polares a dormirem a sesta...
Como
sempre a expedição foi o máximo, correu tudo bem e felizmente não
tive que disparar nenhum tiro! Por questões de segurança o staff
(que tenha carta para tal) leva uma carabina e uma pistola, para
ocaso de se dar um encontro inesperado com um urso polar. juro que
quando tirei a carta de caçador jamais imaginava que essa fosse a
razão que me levasse ao Pólo Norte... Ele há coisas nesta vida do
arco da velha! Histórias e momentos da viagem há muitos para contar
mas desta vez não me vou alongar mais, deixo aqui apenas um pequeno
best off destes dias que até hoje acho que não acredito que
existiram... OOO ÁRRCCTTIICCCCOOOO ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ LLINNNNDDDOOOOOOO!!!!