3 de Junho de 2009
Faz hoje cinco dias que cheguei a este universo paralelo. A tecnologia está presente em todos os lados: incontáveis luzes a piscar nas ruas, casas-de-banho high-tech todas automatizadas, feitas de plástico que nem as nave espaciais e com jatos de limpar as nádegas e aquecimento no aro de sentar, luzes rotativas nas entradas dos restaurantes, comboios-bala que atingem os 300 km/h e interligam todo o país, telefones públicos com grandes painéis eletrónicos que indicam as moedas que ainda não foram usadas para realizar a chamada (entre outras informações todavia indecifráveis em japonês), os últimos modelos automóveis japoneses são os carros comuns que se avistam nas ruas, encontram-se facilmente lojas de equipamentos eletrónicos baratos, a internet é omnipresente com as maiores velocidades de upload que já vi... enfim uma lista enorme. A tecnologia faz parte da cultura local e parece comum entre o Japão que conheci até agora.
Depois de ter passado 3 dias em Tokyo, encontro-me neste momento na cidade de Nagoya, um dos principais centros tecnológicos e industriais do país, e base para a fábrica da Toyota. Na Europa, pelos países nos quais tinha até aqui viajado via igrejas em todas as cidades, para nem pensar no incontável número de igrejas que temos em Portugal. Pois bem, aqui no Japão avistam-se templos por toda a parte - templos budistas e os shintuístas, chamados "Shrines". Hoje visitei o Museu da Toyota e o Castelo de Nagoya. Os castelos em Portugal são do tipo geométrico bem recto, rectangular e deo tipo pedra-sobre-pedra. Pois bem, aqui os castelos são sumptuosos e requintados. Têm decorações douradas na fachada, os telhados têm as pontas dobradas, incluindo motivos especiais religiosos nos cantos e possuem vários andares, tomando alturas consideráveis. O tratamento oferecido ao cliente é de todo invulgar. Quando prestam um serviço, fazem-no com servidão, humildade e dedicando toda a atenção ao cliente. A palavra "acusaimass", significado de respeito e boa-educação é repeitda vezes sem conta num dia passado no Japão. Num museu ou numa casa de hóspedes típica japonesa "Ryokan", onde estou agora instalado, mesmo ao passarem ao teu lado ou nas tuas costas, falam algo incluindo o "acusaimass" como sinal de respeito. Tudo é servido com cuidado e toda a atenção é dedicada ao cliente. É um tratamento único, carregado de delicadeza, atenção e humildade.
Tokyo é uma cidade gigante onde o que salva um estrangeiro viajante ocidental é o metro e as suas indicações em inglês, caso contrário seria bem difícil mover-me na cidade. Chegado ao aeroporto recebi a hospitalidade de um jovem casal que estavam no mesmo caminho que eu, e me ajudaram na linha de comboio até ao hostel. Movidos pela generosidade e hospitalidade, tipicamente japonesas, levaram-me até ao hostel. O hostel disponibilizou as facilidades a que me fui habituando durante a viagem (mais na América do sul) como cozinha comum, internet wireless grátis, mas a diferença de que estava no Japão evidenciou-se, quando o beliche onde ficava a dormir era uma caixa de madeira com uma porta de deslizar. E como esta haviam mais quatro, dispostas 2*2.
A higiene é uma paranóia no Japão. As sanitas têm jatos para limpar o rabo, frequentemente se encontram saboneteiras com álcool para desinfetar as mãos em espaços fechados como museus e estações de metro e comboio, os sapatos ficam sempre à porta do quarto e no hostel onde fiquei em Tokyo na porta da rua(!), são distribuídos pacotes de lenços nas principais ruas de Tokyo (também como estratégia de marketing de algumas lojas), e as máscaras faciais são frequentes, e não são uma precaução adicional devido à tão falada gripe suína - já assim era antes deste surto.
Por vezes vem-me à cabeça o mundo dos anime: o Dragon Ball, a Sailor Moon, o Tsubasa, e o Japão tem de facto bastante da fantasia que se vê nesses desenhos. É uma sociedade diferente, inovada, "certinha", onde quase tudo acontece rapidamente, eficientemente e com pontualidade ao minuto. São algumas visões e opiniões da, provavelmente, mais tecnologicamente avançada sociedade do mundo. Amanhã rumo ao Japão mais rural, nas montanhas - à vila património da humanidade - Shirakawa-go.
Com saudade e um abraço,
João A.